Airbnb apela a Lisboa que trave a especulação hoteleira e crie regras de AL que protejam as famílias

Conclusões Chave

  • As regras propostas para o Alojamento Local (AL) no projeto de alteração ao Regulamento Municipal vão prejudicar famílias lisboetas que queiram arrendar parte ou a totalidade da sua casa para equilibrar o orçamento familiar: a maioria dos anfitriões partilha apenas um alojamento na Airbnb e 1 em cada 5 partilha um quarto privado.
  • A Airbnb apelou à Câmara Municipal de Lisboa para que crie regras equilibradas, deixando de usar o AL como bode expiatório para os problemas de habitação e de excesso de turismo, uma vez que mais de 54 novos projetos hoteleiros na cidade poderiam ter sido destinados a habitação acessível para residentes.
  • A oferta de ALs dedicados exclusivamente ao turismo na Airbnb representa menos de 2% do total do parque habitacional de Lisboa, ao passo que a cidade tem sete vezes mais casas vagas do que ALs exclusivamente dedicados ao turismo na Airbnb.

Conclusões Chave

  • As regras propostas para o Alojamento Local (AL) no projeto de alteração ao Regulamento Municipal vão prejudicar famílias lisboetas que queiram arrendar parte ou a totalidade da sua casa para equilibrar o orçamento familiar: a maioria dos anfitriões partilha apenas um alojamento na Airbnb e 1 em cada 5 partilha um quarto privado.
  • A Airbnb apelou à Câmara Municipal de Lisboa para que crie regras equilibradas, deixando de usar o AL como bode expiatório para os problemas de habitação e de excesso de turismo, uma vez que mais de 54 novos projetos hoteleiros na cidade poderiam ter sido destinados a habitação acessível para residentes.
  • A oferta de ALs dedicados exclusivamente ao turismo na Airbnb representa menos de 2% do total do parque habitacional de Lisboa, ao passo que a cidade tem sete vezes mais casas vagas do que ALs exclusivamente dedicados ao turismo na Airbnb.

A Airbnb revelou hoje que a regulação proposta pela Câmara Municipal de Lisboa para o Alojamento Local (AL) irá prejudicar injustamente famílias lisboetas em 20 das 24 freguesias da cidade, enquanto facilita a terceira maior expansão hoteleira de uma capital europeia1. Em resposta à consulta pública da autarquia, a Airbnb apresentou um conjunto de argumentos, apelando à criação de regras proporcionais e não discriminatórias que abordem as verdadeiras causas do excesso de turismo e da dificuldade de acesso à habitação, ao mesmo tempo que preservem os benefícios do AL para residentes e famílias visitantes.

A proposta da autarquia centra-se num limite generalizado à escala da cidade, que na prática proíbe todas as novas licenças de AL, incluindo para a modalidade de “quartos”. A Airbnb defende que esta proibição é desproporcional e falha em três aspetos fundamentais:

  1. Não diferencia o investimento imobiliário dedicado ao arrendamento turístico da atividade das famílias lisboetas que partilham ocasionalmente as suas casas, sem qualquer impacto relevante no mercado de habitação;
  2. Desconsidera as especificidades das freguesias que poderiam beneficiar com a descentralização do turismo promovida pelo AL;
  3. Promete, de forma contraditória, aliviar a pressão turística, enquanto facilita a expansão dos hotéis – que se localizarão sobretudo em freguesias já pressionadas pelo turismo – revelando uma estratégia incoerente para o setor.

Embora a Airbnb reconheça a importância de conter o turismo nas zonas mais pressionadas – como Santa Maria Maior e Misericórdia -, o limite transversal proposto pela Câmara2 irá contribuir para concentrar ainda mais os turistas nos hotéis das zonas do centro histórico, e penalizará famílias locais que dependem do AL como fonte de rendimento adicional em bairros menos turísticos, como Lumiar ou Benfica. Esta política apenas beneficiará os hotéis, em prejuízo dos viajantes e das comunidades locais.

Lisboa tem 7 vezes mais casas vagas do que alojamentos turísticos dedicados

A regulação proposta não irá resolver os problemas de habitação da cidade e aponta, de forma errada, o AL como causa da crise habitacional. A realidade é que Lisboa tem mais de 47.740 casas vagas, o que corresponde a quase 15% do total do parque habitacional da cidade. Este número é mais de 7 vezes superior ao de ALs dedicados ao turismo na Airbnb, que representam menos de 2% do mercado habitacional.

A esmagadora maioria dos anfitriões na Airbnb são famílias que partilham um único alojamento3, sendo que 1 em cada 5 partilha um quarto privado na sua residência principal. O AL ocasional proporciona benefícios para as comunidades locais e permite que famílias lisboetas obtenham um rendimento extra num contexto de aumento do custo de vida4, sem impacto na disponibilidade de habitação.

Uma regulação sensata deve centrar-se na pequena percentagem de alojamentos turísticos dedicados, em vez de penalizar sobretudo as famílias que arrendam pontualmente a sua habitação principal ou de férias, como forma de complementar os seus rendimentos5.

A solução para a crise da habitação em Lisboa passa por construir mais casas, não mais hotéis

O AL é um modelo sustentável, que permite aos residentes partilharem ocasionalmente a sua casa com turistas, sem impactar o mercado habitacional, ao contrário dos alojamentos com operação profissional semelhante à hoteleira. É também um motor importante para dispersar os visitantes e os benefícios económicos para outras zonas da cidade além do centro histórico, oferecendo soluções de alojamento acessíveis, sobretudo para famílias.

O regulamento proposto corre o risco de criar uma dependência excessiva das grandes cadeias hoteleiras e de incrementar o investimento imobiliário comercial em zonas turísticas, em detrimento da oferta de habitação. Atualmente, estão em curso 54 novos projetos hoteleiros, que irão adicionar mais de 7.000 quartos6 – locais que poderiam ter sido utilizados para habitação acessível.

As regras propostas também vão reforçar um modelo turístico discriminatório, que exclui viajantes com orçamentos mais reduzidos e concentra ainda mais os incómodos do turismo nas zonas centrais:

  • Irá agravar o excesso de turismo no centro da cidade, onde 50% das 50 mil camas hoteleiras7 disponíveis já estão concentradas em freguesias como Santa Maria Maior, Misericórdia, São Vicente e Santo António;
  • Contribuirá para o aumento dos preços de alojamento, quando o preço médio por noite na Grande Lisboa já subiu 7% no último ano8.

Compromisso da Airbnb em colaborar com Lisboa para criar regras proporcionais

A experiência internacional demonstra que a implementação de regulações desproporcionais sobre o AL pode prejudicar o setor do turismo e limitar oportunidades económicas, sem alcançar os resultados desejados. Em Nova Iorque, a regulação do AL resultou numa redução drástica da oferta de alojamento, sem melhorias na disponibilidade habitacional, e levou a um aumento significativo das estadias em unidades hoteleiras9. De forma semelhante, em Barcelona, os preços das rendas dispararam quase 66% após a imposição de moratórias à emissão de novas licenças de AL. A Airbnb acredita que a cidade de Lisboa pode retirar lições importantes destes casos para encontrar um equilíbrio entre regulação eficaz e crescimento sustentável.

Neste contexto, a Airbnb apela a uma abordagem mais holística em Lisboa, que enfrente as verdadeiras causas do excesso de turismo e dos desafios habitacionais, e que preserve os benefícios do AL para as famílias locais, bem como os pequenos negócios e as comunidades envolventes. A Airbnb disponibilizou-se para colaborar com Lisboa na criação de regras proporcionais e não discriminatórias, em linha com os compromissos da empresa junto de governos em toda a UE, que incluem o apoio a políticas direcionadas e proporcionais e a partilha de dados com as autoridades.

“É do interesse de Lisboa permitir que famílias locais e pequenos negócios mantenham uma fonte de rendimento tão necessária. Milhares de famílias de todo o mundo conseguem viajar até Lisboa graças ao AL, que oferece exatamente o tipo de alojamento que procuram. Cidades que implementaram regras inflexíveis para o AL não estão a conseguir devolver casas ao mercado. Em vez disso, os preços dos hotéis dispararam, tornando estes destinos menos acessíveis – especialmente para famílias – e menos competitivos. Estamos comprometidos em trabalhar com Lisboa para garantir uma legislação atualizada que promova o bem-estar económico dos anfitriões, a preservação das comunidades locais e um modelo de turismo sustentável que beneficie todas as partes envolvidas.”

Jaime Rodríguez de Santiago, Diretor Geral da Airbnb Marketing Services, SL.


Soluções para Lisboa

1. Partilha eficaz de dados entre plataformas e autoridades 

A colaboração com as plataformas para implementar mecanismos eficazes de partilha de dados, ao abrigo do regulamento europeu sobre a recolha e a partilha de dados relativos aos serviços de arrendamento para alojamento de curta duração, deve ser um ponto de partida. Tal permite que cidades como Lisboa compreendam melhor a sua realidade local de AL, evitando os efeitos contraproducentes de regulações transversais e desproporcionais, bem como possíveis desafios legais por parte dos anfitriões. A Airbnb pretende reforçar a colaboração com Lisboa para assegurar uma aplicação harmonizada das novas regras da UE, aumentando a transparência dos dados e permitindo a melhoria da regulação local.

2. Regras direcionadas e baseadas em dados

Para implementar regras eficazes para o AL, as autoridades locais devem conhecer, com base em dados, a realidade local do AL antes de legislar. A Airbnb alerta que definir um limite à escala da cidade, sem avaliar a realidade de cada freguesia ou distinguir entre diferentes tipos de AL, pode falhar na missão de dispersar o turismo e impor restrições injustas às famílias locais.

A Airbnb defende, por isso, o uso de rácios justos ao nível da freguesia para definir zonas de arrendamento, o que apoiaria um crescimento equilibrado e protegeria o direito das famílias locais a arrendar as suas casas, promovendo um ambiente turístico mais inclusivo.

3. Diferenciação entre AL dedicado e ocasional, com regulação faseada e proporcional

As regras devem distinguir claramente entre anfitriões que arrendam a sua casa e aqueles que operam um negócio. Isto significa definir “anfitriões dedicados” e “anfitriões ocasionais” com base na intensidade de utilização. Regras como zonas de contenção devem incidir sobre os “anfitriões dedicados”, isentando os “anfitriões ocasionais” e a modalidade de “Quartos”, para proteger famílias que partilham o seu espaço. A maioria dos anfitriões na Airbnb em Lisboa10 são famílias que partilham um quarto ou a sua própria casa. A Airbnb quer proteger o direito destas famílias lisboetas a arrendar a sua casa principal ou de férias de forma ocasional, ajudando-as a obter rendimento extra num contexto de aumento do custo de vida11.

4. Não discriminar entre AL e hotéis

As restrições para proteger a habitação e gerir o excesso de turismo em freguesias pressionadas devem aplicar-se a todos os tipos de alojamento, incluindo aos hotéis. Estes contribuem mais para a concentração turística nos centros e competem por solo urbano residencial. Não é eficaz limitar o AL para combater o excesso de turismo enquanto se continuam a aprovar novas licenças hoteleiras: dos 54 novos projetos hoteleiros, 30 localizam-se em freguesias com elevada pressão turística.

Para alcançar uma estratégia de turismo sustentável e coerente com os desafios de Lisboa, a Câmara Municipal de Lisboa deve atuar na gestão do impacto da expansão hoteleira, incluindo a implementação de uma moratória à aprovação e construção de novos hotéis ao nível da freguesia, e incentivar programas que convertam hotéis obsoletos em habitação acessível.

5. Reinvestir a Taxa Turística nas comunidades locais

Ao abrigo de um acordo voluntário, a Airbnb simplifica a cobrança da Taxa Turística para Lisboa em nome dos anfitriões, tendo já entregado mais de 50 milhões de euros diretamente à Câmara desde 2016 e representando 25% do total arrecadado no último ano. A Airbnb acredita que esta receita deve beneficiar diretamente os residentes da cidade e defende a definição de uma percentagem substancial da Taxa Turística para que esta seja reinvestida nas comunidades locais, abordando prioridades críticas como saneamento, gestão de resíduos e aumento da oferta de habitação acessível e pública.

  1. Dados internos da Airbnb: Anúncios ativos já reservados entre 30 de setembro de 2023 e 30 de setembro de 2024.
  2. Expresso: “Lisboa é a terceira cidade da Europa que vai abrir mais hotéis até 2026” 
  3. A Câmara Municipal de Lisboa propôs um limite de 5% para zonas de contenção, aplicável a todo o concelho.
  4.  De acordo com dados internos da Airbnb, à data de 31 de dezembro de 2024, 70% dos anfitriões em Lisboa partilham apenas um único anúncio na plataforma.
  5.  Dados internos da Airbnb, à data de 31 de dezembro de 2024.
  6.  Dados internos da Airbnb, à data de 31 de dezembro de 2024.
  7.  Público: “Já são muitos? Ainda serão mais: Lisboa tem 54 novos hotéis na calha.”  
  8.  ATL: Observatório do Turismo.
  9.  Presstur: “Preço médio do alojamento turístico na Grande Lisboa superou os 150 euros em 2024.” 
  10.  Dados internos da Airbnb, à data de 31 de dezembro de 2024.
  11.  Dados internos da Airbnb, à data de 31 de dezembro de 2024.